segunda-feira, 29 de junho de 2009

É tempo de renovação em Eleonora. Novas idéias, novos projetos, novos desejos, novas alunas... Momento de abandonar tudo o que precisa partir, de permitir que o fluxo de Energia Cósmica traga a onda transformadora que se anuncia através da chegada do vento do leste. A felicidade se esparrama por cada canto dessa casa mágica como os grãos que enchem a mesa da cozinha à espera de bons pares de mãos para os escolher.

Ontem recebemos um telefonema de um amigo que mora numa cidade ao norte de Eleonora. Sua cachorrinha está esperando filhotes e ele quer nos presentear com um bebê maltês. O nível de encantamento desse lugar parece não ter fim!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Hoje chegou o caminhão com as mudas novas para o bosque que Vicenzo e eu resolvemos fazer. Ele chamou dois ajudantes e começamos a espalhar as mudas em sentido espiral por todo o terreno ao lado da garagem. Quinze novas arvorezinhas, quase todas frutíferas, exceto pelas mudas de neem e canela. Estas últimas foram difíceis de encontrar, mas nada que um belo desafio ao dono da floricultura não desse jeito. Pra falar a verdade, minha parte no plantio foi opinar e servir suco de capim limão. "Pois a senhora nem pense que iremos deixá-la fazer todo esse esforço! Nanananã-não. Desculpa. Nanananã-não." - um dos rapazes correu para me dizer assim que me viu ameaçar pôr as mãos em uma das enxadas. Dá licença de eu querer plantar as minhas árvores??, foi o que respondeu indignada minha mente quase-feminista, mas já era tarde para qualquer manifestação por igualdade, naquele momento todas as enxadas já estavam ocupadas preparando as casas das minhas novas companheiras. Pra ser bem sincera, gostei muito de ter minhas mãos preservadas de possíveis calos e arranhões. Além do mais, foi tão bonito vê-los trabalhando! Ver seus corpos que mais parecem terem sido especialmente projetados para aquela tarefa moverem-se com habilidade e destreza... lindo! Daqui do atelier aprecio minhas amigas balançando suas folhas ao vento que vem da montanha anunciando chuva. Vamos torcer para que elas permaneçam firmes até que o Sol retorne amanhã de manhã.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Ver o olhar de apreciação de cada aluno ao entender que é um ser vibracional, eterno, pleno e em constante expansão é sempre, sempre magnífico. É muito bom notar que os assuntos modificam conforme o retiro avança, conforme os dias passam e eles se re-conhecem. Do cansaço à esperança, da busca ao amor ilimitado. É agradável passear com os alunos ao redor do pequeno bosque na parte leste de Eleonora, sentir que seus pés quase não tocam a terra tão elevada é a vibração de cada um. Sou abençoada com a presença dos 'encontradores', abençoada pela possibilidade de realizar esse trabalho ampliador de asas.

[No próximo final de semana acontecerá a primeira festa junina de Eleonora. Ela está expectantíssima - inventemos palavras! - para receber todas as bandeirinhas e abrigar tantas brincadeiras! Haverá quentão, maçã do amor... todas as delícias típicas e, claro, correio elegante. Dinda não se aguenta de curiosidade para saber que história é essa de beber vinho quente. Vicenzo, no entanto, resmunga todas as vezes que toco nesse assunto, diz que é um desaforo, uma insanidade, que deveríamos (eu e alguns amigos) visitar um 'médico de cabeça' para saber se nossas idéias estão no lugar. Tão divertido!!]

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Ao chegarem em Eleonora, meus convidados comentam o quanto minha vida se transformou. Uns dizem que meu karma foi purificado, outros falam sobre a força cósmica que nos traz tudo o que desejamos essencialmente. Claro que de alguma maneira todas essas coisas aconteceram... O que poucos percebem é que a imensa mudança aconteceu dentro do olhar. E ela já estava acontecendo quando ainda convivíamos! O mundo ao meu redor somente seguiu as mudanças do mundo interior que se transmutou em galáxia, depois em universo e agora se vê inteiro multiversos. A vida só é encantada fora porque a alma se fez pleno encanto, antes. Ver o invisível...

[Acabo de ser chamada pela terceira vez para ir até a horta. Minha secretária/fada-madrinha resolveu fazer um prato tradicional aqui da região e não sabe em qual pé de manjericão pode mexer. Colheita astrológica - algo que dona Dinda está tentando compreender, mas que ainda a deixa toda embralhada embaixo de seus vestidos de bolinhas.]

terça-feira, 16 de junho de 2009

Algumas flores, apaixonadas por Nina Simone, decidiram que era o momento de habitar a sala dos vitrais. Luz plena e boa música: ingredientes perfeitos para fazer florir as begônias que ganhei de uma aluna no último módulo do curso de Ayurveda. Vicenzo, sempre preocupado em me proteger de preços injustos, foi meu acompanhante na árdua tarefa de escolher, entre belíssimos exemplares, quais vasos seriam mais adequados para as novas flores. Acabamos escolhendo uns vasos bojudos com um delicado trabalho de textura nas bordas. No caminho de volta para Eleonora, vendedores de alcachofras ofereciam enormes maços dessa suculenta representação da Deusa enquanto dúzias de mulheres abrigadas por xales de lã escura se acotovelavam na extática busca pela flor mais exuberante. Não posso negar que fiquei tentada a parar o carro e correr para o meio daquelas senhoras, mais pela diversão da disputa por um dos polpudos troféus do que propriamente por algum pedido do meu paladar. Desisti assim que notei Vicenzo olhando disfarçadamente para seu relógio dourado com números romanos: terça-feira é seu dia de "vino e boccia". Chegando em casa, um bilhete sobre a lareira avisava que haveria festa em Eleonora durante toda a noite.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Da escrivaninha do atelier, observo as árvores no quintal. "Sementes e sonhos..." A verdade é que eu poderia ter colocado minha mesa de trabalho no herbanário ou na sala dos livros como Vicenzo sugeriu, mas aqui é onde meus dedos tecem realidades. Linhas, tecidos, agulhas, tintas, cadernos, canetas, lápis e esse estranho computador que em nada combina com minha vida "semi-medieval" - que é como Dinda se refere ao estilo não-elétrico que resolvi trilhar essa estrada... Permiti que alguns elementos tecnológicos fizessem parte de Eleonora, especialmente aqueles que facilitam o trabalho de Dinda e Vicenzo, seu marido e hábil hortaliceiro (não é engraçada essa palavra?), ambos já tão queridos por meu coração. Todas as terças, ouço Eleonora sorrir com as cócegas feitas pelo remelexo da máquina de lavar. Ao que parece, ela e Dinda se tornaram amigas e, posso até arriscar a dizer, confidentes. Gosto mesmo é quando se unem para espalhar aromas e encantar os elementais que nos visitam com certa frequência, como a fadinha que vem algumas tardes da semana e adora os pães açucarados que fazem Eleonora ficar com cheiro de canela. 

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Vou ao encontro do meu oceano, do azul que avisto quando fecho os olhos e permito que minha alma se estenda por todo o éter. É ao mar que lanço meu destino, em suas ondas repousam minhas asas. [Da Ilha de onde ecoam suspiros para as montanhas que abrigam meus sonhos.]