quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sou uma ânfora repleta da mais amorosa graça. 

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Há uma fonte no jardim do leste, dela nasce toda a água que abastece a casa. Há um quarto secreto e uma sala de vidro para abrigar as ervas que precisam de cuidados especiais. A temperatura da casa é sempre agradável, mesmo quando as oliveiras reclamam do calor. Os dias possuem cores e as horas, um ritmo bem particular. Todas as manhãs um festival de aromas atrai sorrisos para a cozinha, novos mundos são criados e até os tijolos sentem prazer em estar ali. Borboletas contam às árvores sobre os poemas, os beijos e as declarações de amor, enquanto o vento espalha notícias de elementais habitando os jardins do norte e da lua. A eternidade se tranforma em letras e a liberdade... encantamentos. Pequenos cães adormecem sob o Sol que desperta os jasmins na varanda. A paz é tão real que vem todas as tardes tomar chá comigo.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Enquanto meus olhos embaçados denunciam tempestades, montanhas se formam sob meus pés. Tudo é estável aqui: o azul que me cerca, o abraço. E confio no que sinto pela primeira vez, na intuição que traz sabor à minha língua. Sem medo da queda [talvez querendo perder o chão], sigo até onde o sal forma desenhos na minha pele, onde posso ver minhas pegadas desaparecerem... O infinito que encontrei transborda por todas as janelas desta ilha.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Nada separa meu rosto das mãos que o acolhem, não há espaço ou teoria entre minha face e a pele suave de quem a toca. E, afinal, não era esse o objetivo ao colocar as coisas em ordem, a casa à venda e atirar as bagagens no avião? Ver a pedra recebendo os beijos no mar, sentar para meditar entre o rio e o pacífico sul, as pontas dos meus dedos tocando levemente sua perna só para ver a respiração se agitar outra vez... São mapas congruentes os que carregamos na alma.

sábado, 4 de abril de 2009

Desde que tirei os sapatos, resgatei uma parte de mim que há muito havia esquecido: o universo. A generosidade do cosmos se faz presente em meus dias e eu começo a entender todas as emoções e razões que tive e senti até chegar aqui. Com a mala aberta sobre a cama, ouço os passos do tempo se afastando de mim e posso intuir que ele desistiu de obter a minha atenção. Ele retornará para os braços de Gaia enquanto tomo meu caminho para Nova Caledônia.