quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Tenho alma peregrina. Gosto de partir quando todos estão olhando em outra direção, quando dormem ou pensam que me têm. Não é uma busca que me faz ir embora. E pra falar a verdade, não sinto que estou indo... em meu peito, não há partidas, apenas chegadas. Breves e leves chegadas. O que me motiva a querer chegar em novos lugares é a paixão que sinto pelo mundo, pelo vento, por ver noites através de janelas novas. Mas se permaneço, quando permaneço, é por amor. Por olhos que me mostram um infinito impossível de ser encontrado em qualquer outro lugar...
Pela manhã, acordei ao som da voz suave e rouca de Berthe que, como seu nome indica, é a personificação da deusa da fertilidade. Mãe de seis filhos, criou essa romântica pousada onde estou hospedada logo após o nascimento de seu primeiro menino - hoje, o belíssimo gerente que nos recebe com um sorriso que faria qualquer mulher (e alguns homens) chorar no caso da pousada já estar com todos os quartos ocupados. Serena e despreocupada, Berthe acena pra mim quando me avista na janela do quarto. Pergunto a ela se pode me ensinar a cantiga de roda que estava cantarolando minutos antes e ela, que parece nunca ter conhecido a timidez, me chama para brincar no jardim. Sem nem pensar em recusar seu convite, atiro-me no primeiro vestido que encontro e corro até ela. Agora, cansada por tanto rir (e ainda um pouco zonza...), aguardo Eudine avisar que o almoço está pronto.

1 Comentários:

Blogger Alex Sens disse...

Adorei teu novo canto. Adorei essa saudade boa que senti ao reler tuas letras. Amo isso. Amo.

17 de dezembro de 2008 às 14:53  

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